sábado, 21 de janeiro de 2012

Farewell



Parto feito Scarlett O'hara!

Nunca mais escreverei aqui novamente. Por que, por algum motivo, esse estilo se foi. O bom humor otimista e leve de um keyboard passado me deixou na mão. Minha mão é suada demais e desliza o tempo todo. Talvez por isso navegue por tantos “estilos” involuntários.

Good bye. So long. Farewell ;)

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

O começo do fim




Para introduzir o fim desse blog, deixo aqui as três últimas perguntas feitas a mim pela querida Ana Peluso.

- O que você acha que os americanos têm de bom que poderia ser copiado pelo brasileiro?

É difícil falar d“os Americanos” por risco de generalizar um país com um território maior que o brasileiro. Eu conheci NY, Pensilvania, NJ e WDC (parte da região norte). Por 2 anos e 3 meses morei, trabalhei e estudei entre NY e NJ. Conheci uma família maravilhosa vinda do Texas (Sul), mas não acho q tenha alguma autoridade de falar dos americanos em geral. O que posso dizer é que meu anti-americanismo irracional foi todo por água-baixo! Todo mundo diz que NYC não é EUA.. que é um país dentro de outro. O que sei é que nunca vi tanta diversidade – povos, línguas, nações inteiras – trabalhando com tanto respeito e cumplicidade, em nenhum lugar do planeta por onde pude passar. Quando você pisa em NY você não entende absolutamente nada sobre o que falam, especilmente na America Latina, a respeito d“os americanos”. O que quero dizer é que não sofri nenhum tipo de discriminação, racismo ou preconceito nem vi tal movimento dentro dos lugares por onde passei.. Especialmente religioso. Todos tem imenso repeito pela diversidade religiosa. Vivendo e trabalhando lá você não consegue conceber o ataque às torres gemeas, por exemplo... Auto-sabotagem? É tudo tão escandalosamente paradoxal!! Mas... voltando um pouco pra sua pergunta, o que mais me agrada na cultura americana novaiorquina, são as relações de trabalho. Todo mundo é muito focado no que precisa fazer, vc é pago por hora e todos parecem absolutamente interessados em rapidez e eficiencia. Todo mundo faz tudo funcionar, e rápido! Ninguém tem tempo pra ficar falando do que não deu certo.. eles são práticos e extremamente objetivos. Não tem leis trabalhistas como nós temos. Aliás, a constituição americana dá pra rir de tão simples e básica. Os “pormenores” não precisam estar escritos – é questão de civilidade conquistada em séculos de desenvolvimento histórico e que, creio eu estar também ruíndo. Além do foco que eles tem em relação ao trabalho, o que me surpreendeu é que tudo é feito na base da confiança, da palavra. Cansei de receber cartões de crédito na mão pra resolver situações dos meus patroes sem nenhum constrangimento ou “prestação de contas” porque simplesmente eles confiam que você vai fazer exatamente o que foi solicitado, nem a mais, nem a menos.

Outra coisa legal é que todo mundo lê muito e a todo tempo! Leitura eh muito cotidiano... como ver TV também é. Sofrem de over dose de informação inútil desde criancinhas, mas o livro ainda é o melhor amigo de todo mundo (a verdade da solidão) – nos metrôs, nas ruas, nos berços dos bebês – em todos os lugares você ve pessoas lendo. Existe, que fique claro, a conveniência de que livro é muuuuito barato!

Gererosidade.

Estatísticamente, eles são os que mais fazem doações. Milhões de fundações e organizações pra tudo o que é coisa ou causa que você possa imaginar, tudo feito na base das doações. É muito natural doar dinheiro para alguma causa, mensal ou semanalmente. Eles demonstram ter um senso de cuidado e responsabilidade, principalmente por tudo o que diz respeito à comunidade, cidade, Estado... Não dependem do governo para qse nada! Isso acho q poderíamos copiar sim! Honestidade e generosidade. Acho que o Brasileiro tb é generoso, mas como diz o ditado popular "gato escaldado tem medo de água fria" (??). Em tudo desconfiamos que tem corrupção ou segundos interesses no meio – e pior é q na maioria das vezes tem -. Isso é por que a gente desconectou a moral de todos os nossos processos. Ela, a dama dos valores, caiu junto com as nossas instituições, e a gente quer achar que uma ética (q não foi plantada) pode ser colhida milagrosamente do coração de um povo ensidado a dar “jeitinho” em toda e qualquer situação sem qualquer consequência. Nossa “esperteza” no Brasil é premiada, enquanto deveria ser condenada. O judiciário aqui é como um cancer em constante metástase.

- O que você acha que o americano tem de pior, que jamais deveria ser copiado pelos brasileiros (e pelo resto do mundo, considerando sua visão de brasileira, claro)?


O egocentrismo! Eles são extremamente egocentricos. Não demonstram real interesse por nada do que acontece fora do País. Eles só conhecem até o que diz respeito a eles ou quando acontece alguma catástrofe, como o que ocorreu no Haiti e Japão. Porém, paradoxalmente, são os que mais fazem doaçoes para países vitimas de catástrofes, tanto financeiramente como em forma de ajuda humanitária. Doam mais do que todos os países da Europa juntos. Isso é por que lideram muitas organizações.. (o que falai antes). Ainda assim, não falo de governo, mas a população ainda acha que no Brasil se fala espanhol. Se perguntar que lingua o Haitiano fala, então... lascou-se! Talvez tenhamos que pedir ajuda aos professores (russos, japoneses, ucranianos) universitários. Paradoxal!!!
Espero que o Brasil cresça, mas nunca se torne egocentrico ao ponto de achar que não temos absolutamente nada a aprender com os erros e acertos e toda a dinâmica da história universal. Que nunca achemos que o sol e todos os outros corpos igualmente celestes giram em torno de nós.

- Como vc acha que eles estão lidando com a crise econômica? Eles são humildes ou arrogantes?

Sim! Eles são arrogantes. Mas como falei antes, só posso falar das impressões que tenho dos americanos novaiorquinos, lembrando que NYC é o centro financeiro dos EUA. Mas com toda a arrogancia, o que pode ser interpretada como patriotismo e excesso de auto-estima, eles estão extremamente apreensivos! São confiantes, mas não conseguem esconder a preocupação com os índices de desemprego, por exemplo, que só crescem. Aliás, eu acredito que a crise econômica é uma crise do sistema. E não tem volta. O Capitalismo precisa de uma reforma, como o Socialismo já o fez (aí está China, Russia e Brasil para exemplificar)... Depois que morei no coração do capitalismo mundial, eu não tenho dúvidas de que o Brasil é um País socialista - “socio democrata” como diriam os reformadores, aos moldes da educação européia- e essa “reforma” capitalista só vem com a recessão que as consecutivas crises trarão mais cedo ou mais tarde e com a assimilação "acertiva" dos novos apelos das economia de mercado... Temo em dizer, mas infelizmente pelo que vejo, esse novo mundo que surge nesses sistemas economicos (tanto do neo-socialismo qto do neo-capitalismo) nada tem a ver com o tal do “bem-estar social” nem sequer em teoria!

sábado, 19 de novembro de 2011

Tip is not "gorjeta"!

Ilustra: by Norman Rockwell


New York City has a lot of particularities that many tourists obviously don’t know. Always keep the right way of the side walk and escalators, so people can run by you, it’s one of them. Say “God bless you” to every sneeze that you heard, even it comes from people that you never saw in your life, it’s another one of the some pretty common examples easily picked from the streets. But, only one occupies the top of the most important social rules in NYC: Must give “tip”!

Theoretically, “tip” is a specific amount of extra money that you, voluntarily, use to give to who spend time doing some service to you. Also theoretically, tip is not payment! Tip is a kind of “reward”, expensive or not, that you give to waitress, hair stylist, taxi drivers, whoever, if you really like his or her service. Ms. Bush, one of my teachers, would say “the worth of my tip depend of how many qualities they show on their jobs well. For example: smile= + $1; listening and patience = + $2; understanding when I ask for a ‘Shirley Temple’… Oh, then I can give them a double price!” lol. However, unknowing tourists fast tend to realize the difference between theory and practice!

At the Diner where I worked for almost one year, to break Tips’ rule is the main reason of waitress nervous collapse and tourist panic. “How do Brazilians call ‘tip’?” It was the first question that I heard in my first work day. Fondly, I answered: “gorjeta!”, then full of joy and hope my co-workers waitress started to say to all Brazilians costumers who receive their check notes: “thank you! ‘Gorjeta’ is not included!”. Then, the unknowing Brazilians, just like me when I got my first check in USA, after make a typical face of doubt – “what is she talking about?” - started to throw up their pocket of pennies on the table. “Why these f_ Brazilians are so frugal?” It was the second question that I heard from a very upset and angry waitress. Then I realize, maybe lately, the difference between “taken and pig nose”. Unlike that happens in Brazil, there is here a specific weigh of 10% or 15% of total costumer check that correspond to more than 50% of the day salary income of those so curious, sharp and unfortunately so disappointed waitress.

“Propina” in Spanish, “Pinhosky” in Polish, “Mancia” in Italian, “Gorjeta” in Portuguese. Everywhere you have a way to call "tip", but it doesn’t mean that it has the same meaning or takes the same place at the podium of social rules in each different country. More than it, being the mediator to many tip troubles I learned! People will forgive you for do not say “God bless you” in a sneeze event, they will pass by you anyway if you don’t keep the right side, but you must give tip in NYC! Disobey its commandment is just an unforgivable sin! It is more than a social rule, from it depend the survival condition of those workers and all good service in NY for completely happiness of those conscious costumers or for desperately puzzle of “poor” unknowing tourists.

Mais um inverno to stay warm...


Ilustra: by Norman Rockwell


- Você não tem idéia do que seja... É terrível! Você nao pode sair um minuto sequer sem que antes vista aquela pilha de roupas.

Eu já estava com medo só de ouvir falar nele. Mas a primeira neve ainda me pegou cheia de euforia.

- Mamãe tá nevando! – falei ao telefone, num domingo pela manhã.

A segunda, pegou a mim, minha tia e duas amigas na saída do Cannegie Hall depois de um concerto de natal. Uma tempestade de assustar, que naquela noite de sábado mais parecia aqueles suvenirs de Sta Claus, a bola de vidro que nenhuma criança ou desastre poderia quebrar.

E as roupas então cada dia iam se contruindo, um scarf ou uma luva de cor pra desfarçar o black coat que logo iria me cansar... Aquele frio inteiro, duro, que as aulas começou a esvaziar.

Meus “antigos” amigos, os que fiz no fim do verão para o outono começaram a desaparecer como as folhas das ávores a voar – Oh drama! – isso faz parte do sentimento de desamparo que o inverno nos traz rsrs – Cada um foi pro seu País, mas logo em janeiro estarão de volta! – Espero. Três semanas até, e minha amiga coreana disse não poder mais retornar. Um dia andado com ela num frio de rachar, em inédito episódio (por que o inverno coreano chega a ser pior), ela reclama: “esse frio tá me matando!”. No desespero de congelar mesmo estanto empacotada, eu pergunto: “e por que você não fecha seu casaco?” – ao que ela sorrindo me responde: “você sabe... fashion é “lili” important to me” – Sim eu sei, e sua camiseta é realmente muito legal! – insentivo com os dentes estalando rs

Sempre digo que amizades são presentes de Deus. A gente só precisa receber e acolher. É recebido e acolhido, por mais “suspicious” que isso pareça a esse mundo adoecido. Em alguns casos, como o ET foi acolhido pelo solitário Elliot kkk (Ana, vc está realmente sentimental..) e passam a compartilhar sentimentos e experiencias simples como aprender (de novo) a falar, como se fossem os amigos da primeira infância. Bons, divertidos ou não, diferentes ou não, agora já são todos inesquecíveis.

Lembrei do Mestre e seus 12 amigos, três deles, inseparáveis: Pedro, Tiago e João. E logo lembro que, como Ele, não é suposto dizer “Adeus”, e sim dá uma de ET e apenas dizer “stay”.

Em outras palavras Ele disse: “e eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos...”

E eu falava do inverno, do frio, das memórias, e dos amigos... E esses últimos, jamais passarão como as estações.

>> escrito no primeiro inverno - dez. 2009.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Quando tudo parece perdido.

Ilustra: by Norman Rockwell

Passei a maior parte do verão sem grana. Os Ragan mudaram para uma casa em Hampton e não precisariam lá dos meus modestos serviços. Peguei minha bicicletinha e comecei a peregrinação por lojas, restaurantes e qualquer estabelecimento que aceitasse uma jornalista como vendedora, balconista, garçonete or wathever desse algum dolarzinho para pagar minhas contas.

Que a América está em crise, todo mundo sabe, mas a gente só acredita mesmo quando vê que não consegue emprego nem de lava-pratos depois de uma dura busca! Para aliviar a barra, passei a dar aula particular de violão para duas mocinhas em Kurnie. Saio das aulas e a busca recomeça, agora, com um violão nas costas. Quem não sabe da situação pensa que sou uma turista endinheirada que veio conhecer a diversidade musical em NY. O violão, definitivamente, era um charme desnecessário. As cidades circunvizinhas acabaram e precisei deixar a bike no canto e ir para a estação mais próxima pegar um onibus rumo a outra região um pouco mais distante. Morta de cansada, um peruano vê o violão e começa a “cantar” – “Olá, como estás? Tocas la guitarra? Donde es? Tienes novio?” – E haja perguntar... Cansei! Peguei o primeiro onibus que vi na frente!

- Passa na Oriente way, esquina com um 7eleven? – perguntei ao motorista.

- Sy, ma’m!

Aliviada, entrei rapidamente e sentei relaxada.

Passaram-se uns 30 minutos e o motorista me avisa para descer. Vi “Orient Way” escrito na placa da esquina, vi o 7eleven na outra, mas definitivamente não era aquele o lugar. Deveria ter pensado nisso antes. Assim como no Brasil toda cidade tem uma rua Presidente Vargas, aqui todas as cidades tem uma Orient Way, Palisade Avenue ou Jorge Washington... Desci com cara de paisagem e um Indiano atento logo percebe que eu estava perdida!

- Para onde você está indo?

(Naquela altura só queria voltar pra casa)

-Lyndhurst! Você sabe como faço para chegar lá?

- Ah.. Você pegou o ônibus errado... estamos muito longe de lá... e não sei de nenhum ônibus aqui que passe por lá... a não ser que você siga essa rua – “essa rua” era uma rodovia que meus olhos não conseguiam alcançar o fim. Ele continuou: - Você vai ter que andar bastante... – como se isso fosse de fato uma grande revelação que me ajudaria a perseverar.

- Então é melhor eu começar, falei já com pressa de andar mas com um sorrisinho amistoso.

Uns 15 passos já dados, o Indiano me chama: - Ms! Espera! Acho que posso levar você. Me segue!

Naquela hora eu era uma estrangeira boba, perdida e sem grana nem para um Taco! A rua estava deserta, a tarde estava caíndo e eu nunca tinha visto aquela pessoa na minha vida... Pensei “ou é um psicopata que vai me violentar e me matar daqui umas milhas por eu ser guitarrista – manchete de amanhã “BRAZILEIRA É ENCONTRADA MORTA COM OS DEDOS DECEPADOS”, e aí, de novo a guitarra não ajudou – ou ele é algum gurú indiano ávido para conquistar o objetivo final de sua salvação e cumprir seu karma fazendo boas ações – título para o diário de Poliana “O DIA EM QUE APRENDI TOCAR CITARA”, e aí a guitarra vai pesar menos.

Vi que ele apontava para direção oposta e logo pergunto: “para onde vamos?”

- Vamos à minha casa. Fica logo ali. Pego meu carro e levo você em casa.

Decidi arriscar meu corpinho exausto e minha guitarra amarela. Dinheiro, eu não tinha mesmo! Caminhamos cerca de 4 quadras num silêncio religioso. Ao chegar na frente de uma casa bem antiga, com a tintura cor de salmão já descascando, ele pára e diz: - é aqui! Vou lá dentro falar com minha esposa e já volto.

Eu parei na calçada e disse apavorada: - Ok! Eu espero aqui.

Alguns minutos depois, uma linda moça vestindo um sari lilás abre a porta e desce as escadas segurando firme a mão de uma menininha que não pára de falar e sorrir para mim, como se estivesse muitíssimo curiosa com a situação. Adoraria saber o que elas falavam, mas era um dialeto indiano totalmente distante de qualquer som da raíz romana. A moça do sari se aproxima de mim e diz sorrindo: “não se preocupe, vamos levar você em casa”. Ela abre rapidamente o carro, pede para que eu sente no banco da frente, ela assume a direção ao que o marido ajuda a menininha a sentar no banco traseiro, sentando-se também ele ao lado dela. Durante a viagem, a única pergunta que eles me fazem com toda a gentileza do mundo foi: “Para onde você quer que a gente leve você?”.

Eles me deixaram na porta da minha casa e eu não sabia sequer o que dizer, por que um simples “thank you” , ainda que seguido de “very much”, seria muito pouco. Quando li no adesivo colado no vidro do carro “God bless America”, sorri, olhei para os dois, e disse “God bless you! Ever!”, ao que eles abaixaram as faces como um sinal de retribuição.

Ele mesmo retirou minha guitarra do bagageiro e disse: “não esqueça sua guitarra!”. Quase eu pergunto “o senhor sabe tocar citara?”.

Entrei em casa tão feliz naquele dia por tudo o que aconteceu, pela vida daquele “guru” e sua família. E até por eu ter me perdido... Por que se não fosse isso eu jamais teria conhecido a família, que confesso, de tão complicado o nome, realmente não me lembro. Pelo cuidado de Deus na minha vida, que mais uma vez me provou que, quando tudo parece perdido, é aí que as coisas começam a ganhar maior sentido e a ficar muito mais (ainda que assustadoramente) interessantes!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Eat, Pray, Love and Dream

Ilustra: by Norman Rockwell

- A partir de que momento, de acordo com a escritora, o ser humano vai se tornando em triste e solitário? - Pergunta o jornalista da TV Cultura numa entrevista à Clarisse Lispector. Clarisse silencia por largos segundos e diz: ...isso é segredo... Desculpa, eu não vou responder. A qualquer momento da vida... Basta um choque inesperado e isso acontece... Mas eu não sou solitária não, tenho muitos amigos...e só estou triste hoje, porque estou cansada. No geral, eu sou alegre". é quando ela fixa o olhar para baixo e se encerra em silêncio.

Com o inquietante silencio de Clarice na memoria (por culpa da Ana Peluso que postou a entrevista ontem), Elizabeth Gilbert de volta com sua Itália, Índia e Bali, e ainda ouvindo a missa cubana de volta pra casa, precisava tentar escrever. Isso tinha que me fazer escrever de novo!

“É melhor ser alegre do que triste, mas pra fazer um samba com beleza é preciso um bocado de tristeza senão não se faz um samba não...” já disse o Vinícios no seu "samba da bênção", que por sinal salvou a cena de Liz com o ator espanhol , que jamais convencerá como brasileiro. Aliás, nem a Julia Robert ainda me conseguiu convencer como Liz, mas o que quero dizer é que tudo isso me traz de volta ao ponto de partida, digo, da minha partida. À decisão que tomei de sair da minha cidade, do País, sozinha, sem muita grana e sem nenhum “plano” para além de aprender a língua anglossaxã (pareço um germano falando rs).
O fato é que exatamente no dia primeiro de Setembro faz um ano que cheguei aqui e posso dizer que, além de tudo o que escrevi anteriormente aqui nesse paciente blog (muito pouco, eu sei), passei por muitos momentos punks. Momentos de perder todas as esperanças e chorar sozinha, ou pensando que estava sozinha. Mas sei que nunca estamos sós. Ele sempre está perto com a sua voz que de tão silenciosa é inconfundível, agindo em detalhes desde o inverno ao verão como seu Sol que brilhantemente me ilumina e me traz dias como o de hoje em que volto a acreditar no “super-natural” (a designação inglesa para o sobrenatural), passo a acreditar que realmente tudo é possível para aquele que crê, “ basta comprar o bilhete”! – quem leu o livro sabe do que estou falando.

Ontem encontrei com minha ex-professora de música na net. Ela é cubana mas vive em Belém há mais de 10 anos. Passamos mais de 1h pela madrugada trocando idéias sobre as mudanças que gostaríamos de ver na nossa cidade, Belém, “a eufrata, que de todas a menor”, a exemplo da de Judá. Pode ainda vir alguma esperança de lá? E no meio da conversa, encontramos nossos sonhos de acreditar na beleza da música, da arte, da fé das pessoas e de achar que tudo isso é divino. Entendi que o que desejo é transformar cada centímetro, dentro e fora de mim, em divino. Sei que, na prática, nada disso é romântico assim, mas agora posso entender quando o profeta, imerso por desgraça e condenação, consegue ver toda a Terra cheia da glória de Deus. Quero ter essa visão de novo e viver por ela. Na Índia, no Afeganistão, na Polônia, em todo o lugar... Quero ver a esperança viva em cada ser humano e de novo exerga-lo a perfeita imagem e semelhança de um Deus de plena Paz e perdão.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Primeira Página

by Norman Rockwell



Hoje conheci a redação do The New York Times.


Fui recebida por uma jornalista brasileira a quem importunei por quase 2 meses – mas isso por que ela disse ser uma virtude, a minha perseverança -. Visivelmente cansada pela montanha de ocupaçoes que a função de repórter da editoria de cidade (“Metro”) requer, e com um pouco de pressa, provavelmente devido ao mesmo motivo, ela me levou direto ao que chama de “coração do TNYT”, o andar onde as principais editorias se reúnem para discutir pautas e fechar matérias.
- aquele ali, com um chapéu e roupa diferente, é meu editor, ele é uma espécie de “acquired taste” – quando a pessoa é estranha, mas você vê que consegue gostar depois que conhece melhor.
Rápido uma senhora elegante, looks like chanel, passa pela gente e Fernanda me diz: - essa é a segunda editora-chefe, a segunda mais poderosa, digamos assim...
Logo depois passamos por uma mesa com cerca de 6 “tanques” inoxs rsrs - Ana, você quer um cafezinho? – Claro! Respondi – e imagino que meus olhos brilharam, mais do que quando vi a segunda mais poderosa do impresso. Um “troço” desses na TV onde eu trabalhava – falo dos containers inoxs cheios de café - iamos pensar que era o céu! Imagino que lá o café nunca acaba!
Cidade, Nacional, Internacional... Chegamos e estava acontecendo uma reunião na parte onde trabalha a editoria internacional. A maioria das editorias já encerrara suas reuniões e o proximo passo então seria apresentar as principais manchetes e resumos das notícias aos editores-chefes na acirrada disputa por quem ocupará a primeira página de amanhã. Isso me soou às reuniões do New York Daily Bugle... Nesse caso, conseguir a primeira página, só com a foto do Homem Aranha em ação! O problema é que o próprio fotojornalista (Peter Parker) era o homem da teia... Por que será que os super-heróis americanos mantem identidade secreta debaixo da profissão de jornalista? Melhor nem pensar, mas por falar em Peter Parker, todas as paredes da redação carregavam quadros de fotografias que ilustraram ediçoes passadas do Jornal. Procurei pelos cartoons na esperança de ver alguma coisa do Norman R. por lá, mas não vi.
Ao terminar a rápida visita, Fernanda mensionou alguma coisa como “decepção”... dizendo que talvez eu pudesse estar decepcionada ao conhecer a redação do TNYT e ver que não tem nada de mais... “só um monte de gente sentada em cadeiras em frente a computadores...” e pondero... Poderia dizer que é uma redação comum, bem parecida com as demais no Brasil, se não fosse o tamanho da estrutura (predio) e o alcance, não só em termos geográficos, mas principalmente pela influencia que esse jornal tem em todo o Mundo, sem esquecer que a América é o berço da indústria jornalística e um modelo de estrutura jornalística praticado ao redor do mundo durante todo o sec. XX – editorias, gates keepers, agenda settings e J.J. Jamesons originaram-se aqui e isso tudo se tornou visível pra mim na tarde de hoje. Confesso que a sensação que tive foi a mesma de quando entrei no MASP em São Paulo pela primeira vez e vi, ao vivo e a cores, as pinturas de Tarcila do Amaral, o auto-retrato de Anita Malfati e as inacreditáveis obras de Portinari, cujos quadros são na realidade bem maiores do que os que eu havia pendurado nas paredes da minha imaginação.


Em tempo,
Fernanda Santos é uma brasileira, baiana, que trabalha lá há 5 anos como jornalista do Metro – área que cobre toda NY e NJ. Além de super legal, super paciente, é super inteligente. poderia perfeitamente inspirar os quadrinistas da Marvel com um personagem digno de primeira pagina :)

sábado, 3 de abril de 2010

Easter - Páscoa - Pessach - Passagem...

Ilustra: Norman ever...


Meu novo quarto é legal! Beeem pequenininho... Mas pra quê preciso maior? Cabendo o meu corpo estirado é o que importa. E ele cabe legal. A cama é boa!
A dona da casa é uma cearense chamada Maria. Ela mora aqui ha mais de 30 anos. Seu marido fugiu com a melhor amiga e a deixou sozinha cuidando dos 6, isso, seis! Filhos. Ela trabalha como faxineira, como milhares de brasileiras aqui, e... "housekipers" aqui ganham um justo salário. Conseguiu criar os seis filhos e comprou uma big casa. Os filhos casaram, saíram de casa e agora ela aluga os quartos para estudantes. Uma forma que encontrou para não ficar muito sozinha e ganhar uma grana extra.
Meu quartinho... tem cortinas vermelhas, paredes amarelas e uma cestinha azul para roupa suja. A cidade se chama Lindyhust. Hoje a Maria achou que passo muito tempo sozinha e sismou de me levar na casa de uma das filhas para um cafezinho. Quando chego lá, uma TV Hi definition está ligada na maldita Rede Globo! Que novela idiota é essa do Manoel Carlos?! Meus Deus!! O cara vive em que planeta pra escrever aquilo? E pior! Maldade por maldade, prefiro mil vezes “a vida como ela é” nas letras de Nelson Rodrigues. E depois ainda assistiram a insanidade do Zorra Total! O que é isso que chamam de comédia nacional? A verdade é que me senti mal por não conseguir ver essas coisas e preferir ficar sozinha no silencio do meu quartinho em Lindyhurst. Que tipo de pessoa chata me tornei? Nem sei o que pensar...
Meu novo quarto, tem um estreito armário de duas portinhas, onde tudo coube (roupas, sapatos, algumas caixas), vi a multiplicação dos espaços. Será que meu armário se expande? É.. decidi ficar mais tempo do que o planejado. E como havia acertado com minha tia, ficar só seis meses na casa dela, precisei “capar o gato” no sétimo... – que expressão é essa “capar o gato”? coitado do pobre... -. Vim parar aqui em Lindyhurst (gosto desse nome) com a dona Maria que é uma pessoa impressionantemente boa. Se o que aconteceu com ela, tivesse acontecido comigo... Não sei, acho que “capava o gato” LITERALMENTE e não confiaria mais em ninguém. Ela não. Encarou “a vida como ela é” e hoje vive bem com seus 07 netos. Não mais com os 6 filhos... Um, o mais novo, passe away fazem 9 anos hoje. Ela me disse isso, assim, olhando para o fundo da xícara de café preto na mesa da cozinha - não sei se para esconder os olhos marejados ou se realmente o fundo da xícara lhe abria uma janela para o passado... - que para ela, é como se fosse ontem. Ainda sofre. Mas o fato é que continuou, a vida, confiando em Deus e no mundo. Gosto disso.

sexta-feira, 26 de março de 2010

5th Avenue. Spring, March 2010.

Ilustra: Normam Rockwell

Entrei pela primeira vez na igreja de St. Patrick.
A verdade é que, com os dias contados para ter que sair da casa onde estou e sem grana pra alugar quarto algum, precisava de um lugar silenicioso pra pensar, orar... mas lugar silencioso em alta Manhattan, so um milagre daqueles bem grandes! – talvez maior do que conseguir o quarto.

Quando penso em “silêncio” me vem sempre a mente 3 lugares: 1. um grande antigo cemitério - eles sempre tem bancos gelados pra sentar e arvores com sombra larga; 2. um templo budista – claro, se eu estivesse no centro de Pequim talvez encontrasse um, mas em plena 6th Ave.... maybe! In NYC everything is possible! Mas não... entrei no terceiro lugar mais silencioso da Terra: uma igreja católica.

Por que os templos se parecem com cemitérios ou mausoléus e sepulcros são iguais a templos? nao sei...

O problema é que essa não é uma igreja católica qualquer. Essa é a St. Patrick Cathedral em semana de St. Patrick’s day! Quanta gente entrando e saindo, quantos flashes estalando e brilhando ao mesmo tempo. Os santos dos vitrais pedem por sunglasses quando o brilho das máquinas parece concorrer com o sol de inicinho de primavera. “Quem sabe quando a missa começar...”, penso na esperança de me ver livre das dezenas de turistas que circulam pelos corredores da catedral.

Sentada em um dos bancos ao centro da igreja tento relaxar, estico minhas pernas por cima do murinho de se ajoelhar, encosto minha nuca na madeira do baixo acostamento e olho para o teto – verdade, bancos de templos costumam ser mais desconfortaveis do que os bancos de cemitério, talvez por isso os budistas se alongam e despensam cadeiras. No lugar onde imaginamos encontrar criativos e sensuais arfrescos sobre o céu e o inferno, enxergo as gigantes laranjas da Flórida ou algo mais parecido com as abóboras de halloween, bem maduras e envoltas por relvas de concreto cinza. Tento imaginar por que cargas d’água o artista decorou a o teto da igreja com abóboras? Por outro lado me sinto confortável de nao me confrontar com os olhares “esquisitos” de anjinhos barrocos peladinhos a me perseguirem.

Depois de passar alguns minutos interrogando-me a respeito das aboboras de St. Patrick, passo a olhar mais a diante. Acima do altar principal, quatro pratos de cobre estão suspensos com chuveirinhos de cordas pretas penduradas. Realmente não faço idéia do que sejam, se são símbolos ou algum simples utilitário medieval... Insensários talvez...

Levanto a cabeça e me sento direito. Olho para o fundo do templo. Essa foi a visão mais interessante do dia! O gigantesco órgão que fica acima da principal porta de entrada em frente ao mais fabuloso vitral que já vi na vida! Como mozaicos de diamentes turqueza e escarlate. Divino! Baixando os olhos enxergo muçulmanos entrando no templo para fotografar... Penso em como é impressionante o poder da beleza e como ela quebranta barreiras e começo a pensar nos motivos que tornaram a beleza um conceito por demais subjetivo e até diluído no pensamento moderno, mas alguns fatos me fazem acreditar q a verdadeira beleza consegue ser tão absoluta e universal quanto a própria divindade, e que nem a mais doentia mente moderna o conseguiria obscurecer. Como o “sublime” referente.

Olho para a entrada novamente e me assusto. Do outro lado da rua o Hércules com seus músculos de bronze a sustentar o mundo nas costas e com fúria parece querer atirar o globo de aros contra a frente da catedral!

Alberto Caeiro! Onde estás vós que não desanuvias minhas ilusões??

Preciso esvaziar a mente dos burburins, do transito, das pegadas que fazem mais barulho do que os turistas no mármore da catedral e suas máquinas de última geração, das preocupações e das abóboras também. Vou fechar os olhos!

(Sou protestante. Rezo de olhos fechados).

See you soon!
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segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O que Zilda e King tem em comum


Pr. Luther King aqui tem feriado¹, e reuniões em todas as Igrejas Batistas para rememorar o homem que transformou, debaixo de prisões e agreções físicas, os direitos civís na América. Pr. Martin Luther king Jr. teve uma infância vitimada por um dos mais rigorosos regimes de discriminação racial da história: o apartaide. Naquela altura, as chances de se ter um líder negro com tamanha força política eram mínimas.

Antes de sua voz atingir Washigton, em 1961 Martin Luther King Jr. falava a um grupo de estudantes negros totalmente desmoralizados, num país que, naquela época, estava longe de reconhecer seus direitos civis:

Sei o que vocês estão perguntando: “Quanto tempo mais isso durará?” Venho a vocês hoje para dizer que, sejam quais forem as dificuldades do momento, por mais frustrantes que sejam estas horas, não demorará muito, pois a verdade que foi jogada sobre a terra germinará novamente.

Quanto tempo? Não muito, porque mentira alguma dura para sempre. Quanto tempo? Não muito, por que ainda se colhe o que se planta. Quanto tempo? Não muito por que o braço da moral é longo, mas se dobra em direção à justiça. Quanto tempo? Não muito, por que meus olhos viram a glória do Senhor que virá, pisoteando as vinhas onde estão plantadas as uvas da ira. Sua verdade está marchando. Ele já deu ordem às trombetas que soem, as quais nunca chamarão as tropas para recuar. Ele está levantando os corações dos homens diante do seu trono. Ó, minha alma, seja rápida em responder-lhes. Alegrem-se meus pés. Nosso Deus está marchando.

(Extraído de The New Yorker, 6 de Abril de 1987)

Quando Zilda Arns iniciou seus trabalhos há 30 anos no interior de Santa Catarina, queria, através da informação, combater a desnutrição e a mortalidade infatil nos bolsões de pobreza no Brasil começando por sua região. Quem conhece essa realidade, pode imaginar a impossibilidade dessa ação gerar algum resultado visível... De certo, Zilda não pensou que com isso poderia ser indicada ao Nobel ou que um dia de fato sua tentativa de ajudar famílias com tudo o que tinha (força no braço, voz branda, conhecimento científico e muita fé) iria inpirar 258 mil voluntários por todo o Brasil. A voz branda com o poderoso discurso de um Deus que jamais será indiferente a dor, atravessou fronteiras e também chegou ao Haiti. Zilda não foi para Porto Príncipe movida pelas chocantes imagens veiculadas pela mídia pós terremoto, não foi afim de ter seu trabalho reconhecido mundialmente ou de “melhorar a imagem do Brasil lá fora”. O terremoto que também a vitimou nesse ultimo dia 14 de janeiro, aconteceu quando Zilda dava uma palestra² para 150 líderes religiosos haitianos na tentativa de multiplicar modelos que no Brasil deram certo e amenizar o sofrimento de crianças e famílias que há decadas esperam por um socorro que muitas vezes está em soluções simples como um composto vitamínico ou num diálogo familiar.

Falo de pessoas que não param para pensar no que elas “poderiam” fazer, mas simplesmente reagem aquilo que consideram inconcebível e inaceitável. Falo daqueles que temos como expressão dessa fé – “somo feitos a imagem e semelhança de Deus Pai”, como Zilda Arns e o Pr. Luther King e dos milhares anonimos voluntários, seres humanos ditos “especiais”.

Aqui não se tem por hábito canonizar aqueles que foram autênticos cristãos (dentro da tradição romana, chamdos de “santos”), mas como toda sociedade idólatra, corre o mesmo risco de colocar essas figuras em pedestais jamais atingíveis pelos cidadãos comuns. Enquanto, tudo o que fizeram foi pelo fato de estarem revestidos da mais autêntica humanidade, em reconhecer no outro o seu perfeito semelhante e a perfeita semelhança daquele que nos criou igualmente necessitados. Por favor não canonizem a Zilda! Não a ponham paralizada em um altar, estática a contemplar o sofrimento. Que seus exemplos sejam motivadores de iniciativas simples, práticas e acessíveis, como o evangelho nos desafia ser.

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1. Esse dia aqui nos EUA foi denominado de “o dia do serviço”, onde todas as intituições são motivadas a prestar serviços às comunidades gratuitamente.

2. Trecho do último discurso de Zilda Arns. http://www.fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1451557-15605,00-VEJA+TRECHOS+DO+ULTIMO+DISCURSO+DE+ZILDA+ARNS+ANTES+DE+MORRER.html

sábado, 9 de janeiro de 2010

HOLLY-DAYS


O Thanks Given para mim é completamente novo, visto que não o temos no Brasil. “Reza a lenda” que esse foi o dia em que os colonizadore se contrafernizaram com os índios para agradecer a Deus por um país livre e fértil. Hoje o TG permanece com uma aura “sagrada”, onde a maioria das familias americanas se reúne ao redor de uma farta mesa, dão as mãos e fazem orações de gratidão. Nos jornais, as igrejas divulgam suas boas ações: geralmente distribuição gratuita de toneladas de Perus (a ave símbolo da data). Este ano, esse feriado caiu numa quinta-feira, mas para minha surpresa... eles enforcam a Sexta!!! (confesso que gosto disso) – Bom.. na verdade, gostaria de falar sobre devoção... e, entre os americanos é tão grande, que eles não dormem de quinta para sexta-feira, simplesmente acampam, talvez como os antigos judeus faziam para rememorar a páscoa, só que não para comer ervas amargas ou lerem algum livro sagrado a luz de velas, os americanos do sec. XXI passam a noite em claro em frente as lojas ávidos pelas promoções. O dia de sexta-feira aqui se chama Black Friday! É talvez o dia da maior promoção do ano. Artigos eletro-eletrônicos, domésticos, roupas... Tudo com até 80% de desconto! Niguém aqui é suficientemente herege para resistir ao Black Friday. Dizem que ano passado uma pessoa morreu pisoteada na entrada de uma loja, e olha que aqui nem é a Meca.

Bom.. Nesse dia eu trabalhei. Fui com o meu chefe levar as crianças para ver a Macy’s Parade. Algo que para a maioria dos Brasileiros, acostumados com as luxuosas alegorias da Sapucaí, pode ser terrivelmente frustrante – umas bandinhas com aquelas meninas de torcida de futbol americano dançando enquanto balões gigantes de personagens de cartoon flutuam sobre nossas cabeças. Seria frustrante para mim também se não fosse por um dos balões e carrinhos a desfilarem ser da Turma do Charlie Brown (que eu amo!) com um gigante balão do Snoopy todo vestido de inverno, pronto para patinar no gelo rsrs. A parada se inicia na rua ao lado do Central Park e termina em frente a Macys da 34St, onde milhares de pessoas vindas de toda a parte dos EUA aguardam a chegada de Santa Claus debaixo de um letreiro luminoso gigante escrito: I BELIEVE. É como se fosse um “Boas-vindas” para o Natal.

Não se sabe muito bem no que os americanos acreditam. Dias antes do Natal, saí com duas amigas japonesas. Uma delas mora em Tokio e só passava as ferias aqui em NY. De repente Mari (o nome dela) me pergunta se sou cristã, ao q estranho a pergunta, por que em NY ninguem fala sobre religião... é como um “assunto proibido”, ao que respondo – sim, sou cristã, porque? Ela sorriu e disse “nada não, é que vi ali enfeites de natal e pensei: christmas – Christ...."

Bem lembrado. Sorri e concordei: sim, o Natal é uma festa cristã ;} – em minha mente: “pelo menos, should be...”.

Três semanas após o Thanks Given, chega o Natal e “já deu no New York Times” que Papai Noel nasceu em NYC! A cidade que já é normalmente cheia, fica intrafegável. Turistas do mundo inteiro vem para ver a Big Tree do Rockfeller Center, a Big Snow da quinta avenida e a Big Sale do dia 26!

Dizem que no Brasil temos muitos feriados, mas não vi muita diferença aqui. Claro, aqui os devotos de Nossa Senhora do A, do B, do C e do Ó não desfrutam de feriados, e nem se tem tantos santos como no Brasil... na verdade, outros ídolos ocupam o mais elevado lugar nos altares americanos. O consumo sem dúvida é o mais poderoso deles. Assim, o ano aqui se encerra, com 3 grandes feriados que conseguem parar a “cidade que nao dorme”, e dois deles dias santos: Thanks Given, Christmas e New Year. *O próximo promete, se não um reavivamento de qualquer fé genuína, uma oportunidade de pensar em algum outro valor que não seja o monetário.

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*January, 19. Martin Lutter King Jr. Day.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

The Word is Work!! (parte II)

ilustra: Normam Rockwell


- Ana, você quer trabalhar? – perguntou a outra Ana (brasileira também).
- Claro! De que?
- Baby sitter!

Era uma terça-feira. A conversa foi rápida, entre uma fala e outra da professora Zoryana – uma russa que fala pelos cotovelos e é capaz de metralhar 10 palavras por segundo. Às vezes lhe falta o fôlego (ela fica vermelha rs). Mas tudo parou em minha volta por não sei quanto tempo e um flash dos primeiros meses da Iris (minha afilhada no Brasil) passou como um raio e a resposta saiu Zoryanamente: Claro!!
No outro dia, estava eu na casa do Mr. Ragan* conversando com a cozinheira, que na verdade é uma espécie de governanta, também brasileira.
- Você tem alguma experiência com criança?
- Tenho alguma sim.. sei trocar fraldas (“aim, será que ainda lembro?” – minha mente se manifesta), colocar para dormir e acho q ainda lembro como se distrai uma criança de um ano e meio.
Ela sorriu e disse: - mas são duas! Gêmeas.
Ela me levou ao quarto e oportunamente era hora de? Yes! Change the dipers!
Fofuras lindas, mas como todo ser humano (ainda que pequenino e delicado) com um potencial arrasador de produzir verdadeiras “armas biológicas”. “Aquilo” (falo, aquela merda toda) não era fraca, poderia abalar toda Manhattan se lançada em queda livre. Fiquei tão nervosa que quase coloco a frauda ao contrário, se não fosse o fato de procurar desesperadamente pelas fitas adesivas laterais e perceber o “lapso”. No mesmo instante, Dina (a governanta) me olha com aquele olhar de preocupação e observa: - querida, você precisa ser bem mais rápida, por que normalmente elas não ficam assim quietinhas, como estranhamente estão agora.
Rápido me certificaria do que Dina alertara. Mas como disse um dia minha companheira de trabalho e classmate: “pagando bem, que mal tem?”.
Mr. Ragan confia em Dina e só foi me conhecer no primeiro dia de trainee (na sexta-feira da mesma semana). Ele é o dito homem perfeito: bonito, sensível, honesto, corajoso, inteligente, bem humorado, rico... e gay!
A versão que ouvi de quem trabalha lá há mais tempo é de que Mr. Ragan lutou por anos para adotar uma criança, mas o direito lhe fora insistentemente negado devido ao fato de ser “homem” solteiro, o que o fez recorrer a um método ilegal, polêmico, mas bastante comum aqui nos EUA: Barriga de Aluguel. Mais tarde descubro que a pratica (que agrega logicamente inseminação artificial) resulta na maioria das dezenas de gêmeos que todos os domingos se distraem com suas babás no Central Park.
Não quero aqui levantar essa questão – pra mim profundamente ética – da manipulação genética e muito menos da mercantilização do corpo, simplesmente por não achar que aqui seja o lugar e o momento. O fato é que o contexto é atípico para mim e que tem sido uma experiência incrível, que um dia me ajudará a descorrer com melhor habilidade a respeito do assunto.
No momento, de tudo o que importa saber, é que Clara* e Ana* (como o “mel de melão e o novelo de lã no ventre da mãe”) foram geradas, essas duas ladies encantadoras. Filhas de um verdadeiro Lord.
Estou há um pouco mais de um mês trabalhando com essa família, e se por um lado perdi todos os fins de semanas deliciosos com meus conterrâneos em New Jersey, ganhei dias lindos de outono no Central Park (aonde passeamos com elas), que apesar de trabalhosos, também são dias regados a abracinhos de quem aqui também me chama carinhosamente de “Dinha” (feito minha afilhada no Brasil), palavras delicadas e deliciosamente assotacadas como “landa!” (“linda”), e a certeza de que não existe lugar ou circunstância nesse mundo estranho onde Ele não esteja com todo amor nos acolhendo e redimindo.
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*Ragan, Dina, Clara e Ana nao sao os verdadeiros nomes da familia com quem trabalho.

Pausa para o comercial

TEC >> toca a musica "Bollicine" do Vasco Rossi >>>
http://www.youtube.com/watch?v=r2D1FojLEV8&feature=related

UM OFERECIMENTO DE MONICA PISILLI



No inicio do curso, depois da aula saia com algumas amigas para almocar e exercitar a conversacao. Cada semana em um restaurante de nacionalidade diferente. Monica (italiana de Ravenneeee), nunca podia ir. Semana passada, ela me convidou para visitar o restaurante onde seu marido e chefe. Aqui em NYC: o TEODORA. Fomos em um grupinho muito especial de 4 "boas de boca".
O lugar eh uma beleza. Para quem gosta de ambientes tradicionais, eh um cantinho da Italia em Manhattan. Sem duvida uma das melhores pastas de NY.


Para quem esta por aqui ou pensa em vir passar uns dias, por favor nao deixe de visitar o TEODORA. Eh uma atracao imperdivel.

Visite o site do Teodora!



perdao pelo texto sem acento, mas estou num pc que nao os tem ;b

terça-feira, 29 de setembro de 2009

The Word is Work!!

ilustra: Normam Rockwell

- Nova York tem cheiro de que? Perguntou uma amiga outro dia. Ao que respondi imediatamente: NY tem cheiro de Comida! Por todos os lados! Em qualquer lugar (no banheiro público, acreditem!) o cheiro de alguma comida está no ar: cheiros indecifráveis (origens multiculturais), correm o risco de ser traduzidos como “estou com fome”. sempre. “Não, você não está! Sua mente mente!! Mente mente!” e você acha que vai enlouquecer, não por estar falando sozinha como um LP furado, mas por achar que é natal em pleno Setembro e que pode empurrar tudo pra dentro. A mentirosa diz: “Você merece querida... afinal, vocês está aqui, longe de tudo e...”. Shut up!
Sei que vou me acostumar, e a comida não será mais comida. Mente mente e comida não será comida ;b (não! Nem ingerida! Não voltarei para o Brasil rolando, i promise!).
Vamos esquecer essa história de comida... Elizabeth Gilbert, escritora novayorquina, lança uma proposta, se não mais interessante, pelo menos mais magra e econômica. No livro “Comer, rezar e amar”* (sugestivo, não?) ela fala de um amigo Italiano que dizia que o segredo para entender uma cidade e seus habitantes é aprender qual a “palavra da rua”, dizia que toda cidade tem uma palavra que a define, que identifica a maioria das pessoas que moram ali. Pensando nessa proposta do “Giulio”, apesar da mente, a palavra de NY definitivamente não é “Comida”. Qual a palavra de Nova York? Para Elizabeth é “CONQUISTAR”. Tem sentido... Gente do Mundo inteiro vem pra cá e afirma que NY é o lugar das oportunidades. Para mim, esse verbo aqui se expressa na frase que ouvi hoje de uma judia na sala de aula: “come on teacher! Time is Money!”. Para mim a palavra que define NY e seus habitantes é “TRABALHO”. Todos estão ocupados e correndo muito! Mais do que se corre em São Paulo ou em outras capitais por onde andei.
Chego ao ponto de ônibus às 8am, pego o 156R (o “R” é de “River” – passa pelas margens do Hudson), procuro acento bem longe de um indiano se possível (não me interpretem mal, mas ou comida indiana pela manhã cheira mal, ou o cara que sentou ao meu lado outro dia comeu Cury vencido ;b), enfim, procuro sentar ao lado de um rapaz bonito, cheiroso e dorminhoco, e se não fico lendo ao lado do moço, aproveito para dormir together rs, enquanto 99% dos passageiros está com um blackbery na mão respondendo e-mails. O ônibus chega ao terminal, todos levamtam-se apressadamente e a maratona começa: arrancam do ônibus desesperadamente, parecem todos atrasadíssimos, “sai da frente! Sai logo (3x)” parece o LP furado de todas as mentes, apesar de só verbalizarem um speed “excuse me”, as escadas são estreitas e todos se espremem como um grande rebanho em pequenas porteiras. Descem a escada rolante correndo... e eu me pergunto “por quê não acordam mais cedo”? E todos os dias é a mesma coisa... Os sinais para pedestres em Manhatan pouco são levados a sério, é uma travessia frenética na disputa com carros e ambulâncias. Penso: “será problema cardíaco?”, as sirenes de ambulâncias são constantes, com o buzinaço e o burburim dos propagandistas e urbanóides parece uma grande sinfonia de John Cage (às vezes tão inusitada quanto) ou o corredor de um hospício cujos medicamentos acabaram ou não fazem mais o mínimo efeito. De alguma forma, todos estão muitíssimo ocupados... e você de férias :)

“Ei! Quem disse que você está de férias?”- a mente tagarela de novo. Não! Não estou de férias! Mas é estranho não estar preocupada com o trabalho. Voltei a ser estudante! E quando criança eu reclamava tanto dessa vida... Hoje relaxo e digo “i’m student” rsrs
Ok.. estudantes não estão de férias, mas vai por mim, é bem melhor do que trabalhar rs. O problema é que o dinheiro acaba e estudantes adultos pagam a própria escola. Então... a Anita Cohen me desperta pela manhã: “HelOoo! Time is money!”. E acordo de acordo: NY is WORK!


* "Comer, rezar e amar" foi o livro que a Aline me deu de presente de despedida. Na contra-capa, a seguinte dedicatória: “Para Claudinha, o meu livro mais vivido, grisalho, surrado e experiente” – não é exagero! Parece que o coitado passou por uma máquina de lavar e secou no olho de um furacão. E ela continua: “Ele (o livro) ir para ti agora faz o seguinte sentido: algo já viajado, porém com muito potencial cone lato, nas mãos de quem, mais uma vez, resolveu viajar”. Não me pergunte o que é “cone lato”, i don’t know! Mas sem dúvida, o livro é uma belezura! Ele tem cara de “literatura de aeroporto”... que seja, mas amei ele ter vindo parar nas minhas mãos! E como traduzo “cone lato”? simplesmente como: “solte o verbo!”. Obrigada, Aline!

Pausa para o comercial!


// TEC: toca a musiquinha dos beatles: "hello goodbye" //



Acabo de receber um e-mail divulgando um site super interessante!!



Trata-se de uma biblioteca virtual, desenvolvida em softwere livre, com todas as obras de Machado de Assis, Shakspeare em português, palestras de Paulo Freire em vídeo, o melhor da literatura infantil, música erudita brasileira (mp3 em alta qualidade), a divina comédia em português e um monte de outras raridades interessantes. Só de literatura portuguesa, são 732 obras! Tudo free!

Segundo o e-mail, o site está prestes a ser desativado por falta de uso. O número de acessos é muito baixo, então, a quem interessar, GO on!


terça-feira, 22 de setembro de 2009

Só sei que foi assim...

ilustra: Normam Rockwell

PARTE IV

Agora sim, a escola (Spanish-American Institute).
Não me pergunte o quanto, mas é mais barato estudar aqui do que no Brasil.
Tenho aula de segunda a sexta-feira, quatro horas por dia ( 9:15am a 1:15pm). A minha turma tem 20 alunos vindos de várias partes do Mundo: Japão, Uzbequistão, Turquia, China, Coréia do Sul, Rússia, Itália, Tailândia, Angola, Burquina Faso, Israel, Colômbia, Porto Rico, Equador.. e por aí vai! O inglês tosco de todos nós em sotaques inimagináveis (e ainda disseram pra eu ter cuidado com o sotaque novayorquino!). A professora do primeiro horário é do Mali (quem nasce no Mali é o que? ). Ana Margareta é o nome dela, não sei se o artístico – como ela diz, “somos a máfia das Anas!” – somos 5 Anas ao todo! Ana russa, Ana judia, Ana Brasileira, Ana de tudo que é jeito, cor e cabelo. Ana Margareta é metida a atriz, representa os diálogos do livro e cobra 10U$ por cada chiclete confiscado, ela odeia ver alguém mastigando na sala, mas não para de comer uns quitutes que traz num saco de papel. Fazer o quê? Ela é a teacher.
Estou só na minha segunda semana de aula, mas além das Anas, já consegui memorizar outros nomes: Chica (isso mesmo! O feminino de Chico), é a japonesa que é cantora de hip-hop e veio de Tókio para conhecer de perto a cultura hip-hop americana. Lee é a chinesa que odeia sentar ao lado da japonesa (intrigas históricas) mas é fã da coreana, que se chama Won Sung (pronincia-se como “one Song”), com quem me dou bem e procuro sentar perto – ela e Adama (o rapaz de Burquina Faso) me ajudam bastante a destravar a língua. Mônica é a italiana, chiquérrima - não penteia o cabelo, não passa a roupa - mas permanece chique (inesplicávelmente). Tem também o russo, que não lembro o nome, mas que vale citar: parece que este ficou preso em algum abrigo anti-bomba nos últimos 30 anos e nunca ouviu absolutamente nada em inglês. Como será que chamam “shoping center” na Rússia?? Ele não sabe absolutamente nada da língua inglesa. Hoje disse um milagroso “bye”. Mas também não posso falar nada, até por que no Brasil não existe abrigo anti-bomba... não que eu saiba.

E agora estou com sono e amanhã (não sei quando) continuo......zzzzzzzzz

Só sei que foi assim...

ilustra: Normam Rockwell

PARTE III

Antes de falar da escola, preciso dizer que tive a cara-de-pau de enviar 3 e-mails para pessoas conhecidas que moram em países distintos (Inglaterra, Canadá e EUA) candidatando-me a passar “6 meses em sua companhia”. Que tal? Kkkkkkkkkkk Sério, disse que precisava do inglês e preciso muito! Passar pela experiência de se perder no aeroporto da África do Sul sem saber falar um “i” (como já me aconteceu) it’s terible!
A dos EUA respondeu, não ao e-mail. Ela me ligou! E pra minha surpresa disse que tinha um “quartinho” pra mim reservado em sua casa e que conhecia uma escola interessante no centro de NY, esquina com a Timesquare (wow)! Nem acreditei! “uhuuu deu certo!!” (Eliene e tia Eliete, meus dois anjos bem feitores) – e precisava do visto, das passagens e... tudo – mas tudo saiu tão rápido, que em 30 dias (contando da manhã que tive a tal “idéia”) cheguei a NY com visto de estudante (5 anos) e ainda gentilmente acompanhada de uma amiga (tradutora de plantão) que decidiu passar as férias nos EUA. Como diria minha mãe: “tá bom pra ti?”. Só Jesus mesmo :)

Só sei que foi assim...

ilustra: Normam Rockwell

PARTE II

Quando falei para meus chefes (o presidente e o diretor executivo) que estava de saída, o PH (direx exec) disse:
-Você recebeu outra proposta?
- Não. Eu apenas sei que preciso parar...
- Tem certeza?
- Sim, tenho.
Ele não acreditou muito no início, mas disse que a decisão era minha. Pediu apenas que falasse com o presidente (PS) pra saber o que ele tinha a dizer. Foi o que fiz dois dias depois:
- PS, estou aqui pra lhe dizer que estou entregando meu cargo... Não há nenhum problema com a empresa. Trata-se de uma decisão pessoal. Eu preciso parar por um tempo.
- Tem certeza? Não é algo que pode ser resolvido com umas férias?
- Não. A não ser que a empresa me dê férias por tempo indeterminado, mas sei que isso é pedir demais (sorri, mas quem sabe não colava?? rsrs).
- Não é a “crise dos 30”? – perguntou ele também sorrindo, com medo de ofender.
- Sim, tenho certeza que é! Mas se não fosse por ela talvez eu não conseguisse ter essa coragem... (sorri também).
E a conversa prosseguiu de forma descontraída e muito agradável até um ponto em que estávamos os dois em paz, sabendo que por mais incompreensível que fosse, era essa uma decisão real e irracionalmente acertada.
O problema é que depois a ficha caiu “e agora??? O que faço da vida?”. Fui dormir a espera que um novo “sinal” surgisse (uma idéia qualquer que ganhasse força o suficiente pra me tirar da cama). E, pra minha surpresa, não é que dormi? Profundamente como há muito tempo não fazia! Quando de manhã me veio: “tenho o dinheiro do acordo e aquelas economias no banco... vou fazer o que só posso fazer agora – ainda acho que no futuro ainda venha a me casar e ter uma penca de filhos, embora essa idéia não me apeteça no momento. – Bom... Se quiser chegar ao Oriente Médio (meu sonho desde a infância), preciso deixar de ser essa criatura burra monolíngüe”. Foi aí que nasceu a idéia de ir pra algum país de fala inglesa para, finalmente aprender (na marra) essa língua que detesto!

Só sei que foi assim...

ilustra: Normam Rockwell


PARTE I

Trabalhei por 10 anos na mesma empresa de telecomunicação. Comecei como estagiária de produção e “rapidamente” ascendi para o cargo de diretora da emissora. Aos 30, já no tempo, tinha uma carreira estável, digamos... No entanto, estável demais (julgo) para minha idade – claro, não sou jovem, mas não quero uma vida tão estável assim, não antes que me aposente e espere a “maledita” (morte) chegar. Mas antes que isso acontecesse, pedi demissão. Quando fiz isso não tinha outra perspectiva a não ser dar um nocaute na rotina e na deprê. Há meses, 12 ou mais, sentia essa angustiante necessidade, mais precisamente desde que fiz minha última viagem de trabalho à África (passei 45 dias em Moçambique, visitei as 10 províncias e 27 cidades, sobre 4 rodas) ficou insuportável.
É contraditório, eu sei.
Depois de 10 anos de trabalho intenso (os que me conhecem sabem), tomar essa decisão não foi fácil, precisou que eu chegasse ao limite das minhas forças e ânimo para que perguntasse “Deus, o que preciso fazer pra aliviar essa angústia de repetir day by bay sem mais surpresas?”, aquela Voz interior dizendo “pare!” era inconfundível, sempre que perguntava. O inevitável era retrucar “mas e depois?”... - Nunca pergunte a Ele sobre o depois, com ele é sempre stap by stap, “siga as placas de sinalização e.. . siga”- . Resultado: parei também de perguntar, apenas parei!
Aline (uma amiga da época da universidade) diria que tenho uma ótima “intuição”.
- Graças a Deus, não tenho marido nem filhos para me preocupar (como boa cristã me sinto um tanto culpada de afirmar isso com satisfação), além do que meus pais me amam independente de qualquer coisa (essa é a parte reconfortante).
Meu salário nos últimos anos ia aumentando e eu continuava com o mesmo padrão de vida da estagiária (é certo que com alguns dias de estravagância, como ir com amigos a um bom restaurante mais caro ou comprar pilhas de livros em uma viagem anual...), mas o certo é que, na falta de uma bom motivo (algo bastante convincente meeesmo) que me fizesse desembolsar regularmente mais do que 50% do meu salário, eu depositava tudo para... juro que não sabia pra quê! Para alguma eventualidade talvez.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Líderes governistas a caminho...

(Não! Não é para a reunião da ONU em NY)
...O destino é o Estado da Califórnia!

A Imprensa Oficial do Estado do Pará em DIÁRIO OFICIAL Nº. 31500 de 09/09/2009, publica “decretos da governadora que autorizam o Sr. Anibal Picanço, Secretário de Estado de Meio Ambiente, a viajar para Califórnia-Estados Unidos, no período de 5 a 10 de setembro de 2009, a fim de promover o uso do modelo certificado de origem amazônica nas obras públicas e privadas do Estado da Califórnia juntamente com o Grupo Soluções da Amazônia, devendo responder pelo expediente do Órgão, na ausência do titular, ROSEMIRO SALGADO CANTO FILHO, Secretário-Adjunto.”
Até aí tudo bem... Até por que os Californianos sentem na pele as intensas mudanças climáticas e as agressões ao meio ambiente, desde que começou a ter suas florestas criminosamente incendiadas. Portanto, é natural que haja uma preocupação extra-ordinária com certificação da madeira utilizada pelo Estado da Califórnia, que em 2006 aderiu ao Protocolo de Kioto e Arnold Schwarzenegger impôs restrições às indústrias para diminuir emissão de gases poluentes, OKeeeey. Massss, depois dos 5 dias que o secretário Anibal Picanso vai passar com o Arnold, quem poderia prever mais uma semana (7 dias, da oooutra semana – de 27/09 a 03/10) que contemplam meio governo?
Além da Governadora Ana Júlia Carepa (PT), que não publica, portanto não esclarece o motivo da sua missão - mais oito delegados, cuja missão é descrita como “Acompanhar a Excelentíssima Senhora Governadora do Estado em missão governamental” se deslocarão de Belém do Pará para o Estado da Califórnia.
Será que não é muito cacique pra pouco índio não? Ou não seria pouco apito pra 8 caciques??