ilustra: Normam Rockwell- Nova York tem cheiro de que? Perguntou uma amiga outro dia. Ao que respondi imediatamente: NY tem cheiro de Comida! Por todos os lados! Em qualquer lugar (no banheiro público, acreditem!) o cheiro de alguma comida está no ar: cheiros indecifráveis (origens multiculturais), correm o risco de ser traduzidos como “estou com fome”. sempre. “Não, você não está! Sua mente mente!! Mente mente!” e você acha que vai enlouquecer, não por estar falando sozinha como um LP furado, mas por achar que é natal em pleno Setembro e que pode empurrar tudo pra dentro. A mentirosa diz: “Você merece querida... afinal, vocês está aqui, longe de tudo e...”. Shut up!
Sei que vou me acostumar, e a comida não será mais comida. Mente mente e comida não será comida ;b (não! Nem ingerida! Não voltarei para o Brasil rolando, i promise!).
Vamos esquecer essa história de comida... Elizabeth Gilbert, escritora novayorquina, lança uma proposta, se não mais interessante, pelo menos mais magra e econômica. No livro “Comer, rezar e amar”* (sugestivo, não?) ela fala de um amigo Italiano que dizia que o segredo para entender uma cidade e seus habitantes é aprender qual a “palavra da rua”, dizia que toda cidade tem uma palavra que a define, que identifica a maioria das pessoas que moram ali. Pensando nessa proposta do “Giulio”, apesar da mente, a palavra de NY definitivamente não é “Comida”. Qual a palavra de Nova York? Para Elizabeth é “CONQUISTAR”. Tem sentido... Gente do Mundo inteiro vem pra cá e afirma que NY é o lugar das oportunidades. Para mim, esse verbo aqui se expressa na frase que ouvi hoje de uma judia na sala de aula: “come on teacher! Time is Money!”. Para mim a palavra que define NY e seus habitantes é “TRABALHO”. Todos estão ocupados e correndo muito! Mais do que se corre em São Paulo ou em outras capitais por onde andei.
Chego ao ponto de ônibus às 8am, pego o 156R (o “R” é de “River” – passa pelas margens do Hudson), procuro acento bem longe de um indiano se possível (não me interpretem mal, mas ou comida indiana pela manhã cheira mal, ou o cara que sentou ao meu lado outro dia comeu Cury vencido ;b), enfim, procuro sentar ao lado de um rapaz bonito, cheiroso e dorminhoco, e se não fico lendo ao lado do moço, aproveito para dormir
together rs, enquanto 99% dos passageiros está com um blackbery na mão respondendo e-mails. O ônibus chega ao terminal, todos levamtam-se apressadamente e a maratona começa: arrancam do ônibus desesperadamente, parecem todos atrasadíssimos, “sai da frente! Sai logo (3x)” parece o LP furado de todas as mentes, apesar de só verbalizarem um speed “
excuse me”, as escadas são estreitas e todos se espremem como um grande rebanho em pequenas porteiras. Descem a escada rolante correndo... e eu me pergunto “por quê não acordam mais cedo”? E todos os dias é a mesma coisa... Os sinais para pedestres em Manhatan pouco são levados a sério, é uma travessia frenética na disputa com carros e ambulâncias. Penso: “será problema cardíaco?”, as sirenes de ambulâncias são constantes, com o buzinaço e o burburim dos propagandistas e urbanóides parece uma grande sinfonia de John Cage (às vezes tão inusitada quanto) ou o corredor de um hospício cujos medicamentos acabaram ou não fazem mais o mínimo efeito. De alguma forma, todos estão muitíssimo ocupados... e você de férias :)
“Ei! Quem disse que você está de férias?”- a mente tagarela de novo. Não! Não estou de férias! Mas é estranho não estar preocupada com o trabalho. Voltei a ser estudante! E quando criança eu reclamava tanto dessa vida... Hoje relaxo e digo “
i’m student” rsrs
Ok.. estudantes não estão de férias, mas vai por mim, é bem melhor do que trabalhar rs. O problema é que o dinheiro acaba e estudantes adultos pagam a própria escola. Então... a Anita Cohen me desperta pela manhã: “HelOoo! Time is money!”. E acordo de acordo: NY is WORK!
* "Comer, rezar e amar" foi o livro que a Aline me deu de presente de despedida. Na contra-capa, a seguinte dedicatória: “Para Claudinha, o meu livro mais vivido, grisalho, surrado e experiente” – não é exagero! Parece que o coitado passou por uma máquina de lavar e secou no olho de um furacão. E ela continua: “Ele (o livro) ir para ti agora faz o seguinte sentido: algo já viajado, porém com muito potencial cone lato, nas mãos de quem, mais uma vez, resolveu viajar”. Não me pergunte o que é “cone lato”,
i don’t know! Mas sem dúvida, o livro é uma belezura! Ele tem cara de “literatura de aeroporto”... que seja, mas amei ele ter vindo parar nas minhas mãos! E como traduzo “cone lato”? simplesmente como: “solte o verbo!”. Obrigada, Aline!