quinta-feira, 12 de novembro de 2009

The Word is Work!! (parte II)

ilustra: Normam Rockwell


- Ana, você quer trabalhar? – perguntou a outra Ana (brasileira também).
- Claro! De que?
- Baby sitter!

Era uma terça-feira. A conversa foi rápida, entre uma fala e outra da professora Zoryana – uma russa que fala pelos cotovelos e é capaz de metralhar 10 palavras por segundo. Às vezes lhe falta o fôlego (ela fica vermelha rs). Mas tudo parou em minha volta por não sei quanto tempo e um flash dos primeiros meses da Iris (minha afilhada no Brasil) passou como um raio e a resposta saiu Zoryanamente: Claro!!
No outro dia, estava eu na casa do Mr. Ragan* conversando com a cozinheira, que na verdade é uma espécie de governanta, também brasileira.
- Você tem alguma experiência com criança?
- Tenho alguma sim.. sei trocar fraldas (“aim, será que ainda lembro?” – minha mente se manifesta), colocar para dormir e acho q ainda lembro como se distrai uma criança de um ano e meio.
Ela sorriu e disse: - mas são duas! Gêmeas.
Ela me levou ao quarto e oportunamente era hora de? Yes! Change the dipers!
Fofuras lindas, mas como todo ser humano (ainda que pequenino e delicado) com um potencial arrasador de produzir verdadeiras “armas biológicas”. “Aquilo” (falo, aquela merda toda) não era fraca, poderia abalar toda Manhattan se lançada em queda livre. Fiquei tão nervosa que quase coloco a frauda ao contrário, se não fosse o fato de procurar desesperadamente pelas fitas adesivas laterais e perceber o “lapso”. No mesmo instante, Dina (a governanta) me olha com aquele olhar de preocupação e observa: - querida, você precisa ser bem mais rápida, por que normalmente elas não ficam assim quietinhas, como estranhamente estão agora.
Rápido me certificaria do que Dina alertara. Mas como disse um dia minha companheira de trabalho e classmate: “pagando bem, que mal tem?”.
Mr. Ragan confia em Dina e só foi me conhecer no primeiro dia de trainee (na sexta-feira da mesma semana). Ele é o dito homem perfeito: bonito, sensível, honesto, corajoso, inteligente, bem humorado, rico... e gay!
A versão que ouvi de quem trabalha lá há mais tempo é de que Mr. Ragan lutou por anos para adotar uma criança, mas o direito lhe fora insistentemente negado devido ao fato de ser “homem” solteiro, o que o fez recorrer a um método ilegal, polêmico, mas bastante comum aqui nos EUA: Barriga de Aluguel. Mais tarde descubro que a pratica (que agrega logicamente inseminação artificial) resulta na maioria das dezenas de gêmeos que todos os domingos se distraem com suas babás no Central Park.
Não quero aqui levantar essa questão – pra mim profundamente ética – da manipulação genética e muito menos da mercantilização do corpo, simplesmente por não achar que aqui seja o lugar e o momento. O fato é que o contexto é atípico para mim e que tem sido uma experiência incrível, que um dia me ajudará a descorrer com melhor habilidade a respeito do assunto.
No momento, de tudo o que importa saber, é que Clara* e Ana* (como o “mel de melão e o novelo de lã no ventre da mãe”) foram geradas, essas duas ladies encantadoras. Filhas de um verdadeiro Lord.
Estou há um pouco mais de um mês trabalhando com essa família, e se por um lado perdi todos os fins de semanas deliciosos com meus conterrâneos em New Jersey, ganhei dias lindos de outono no Central Park (aonde passeamos com elas), que apesar de trabalhosos, também são dias regados a abracinhos de quem aqui também me chama carinhosamente de “Dinha” (feito minha afilhada no Brasil), palavras delicadas e deliciosamente assotacadas como “landa!” (“linda”), e a certeza de que não existe lugar ou circunstância nesse mundo estranho onde Ele não esteja com todo amor nos acolhendo e redimindo.
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*Ragan, Dina, Clara e Ana nao sao os verdadeiros nomes da familia com quem trabalho.

Pausa para o comercial

TEC >> toca a musica "Bollicine" do Vasco Rossi >>>
http://www.youtube.com/watch?v=r2D1FojLEV8&feature=related

UM OFERECIMENTO DE MONICA PISILLI



No inicio do curso, depois da aula saia com algumas amigas para almocar e exercitar a conversacao. Cada semana em um restaurante de nacionalidade diferente. Monica (italiana de Ravenneeee), nunca podia ir. Semana passada, ela me convidou para visitar o restaurante onde seu marido e chefe. Aqui em NYC: o TEODORA. Fomos em um grupinho muito especial de 4 "boas de boca".
O lugar eh uma beleza. Para quem gosta de ambientes tradicionais, eh um cantinho da Italia em Manhattan. Sem duvida uma das melhores pastas de NY.


Para quem esta por aqui ou pensa em vir passar uns dias, por favor nao deixe de visitar o TEODORA. Eh uma atracao imperdivel.

Visite o site do Teodora!



perdao pelo texto sem acento, mas estou num pc que nao os tem ;b

terça-feira, 29 de setembro de 2009

The Word is Work!!

ilustra: Normam Rockwell

- Nova York tem cheiro de que? Perguntou uma amiga outro dia. Ao que respondi imediatamente: NY tem cheiro de Comida! Por todos os lados! Em qualquer lugar (no banheiro público, acreditem!) o cheiro de alguma comida está no ar: cheiros indecifráveis (origens multiculturais), correm o risco de ser traduzidos como “estou com fome”. sempre. “Não, você não está! Sua mente mente!! Mente mente!” e você acha que vai enlouquecer, não por estar falando sozinha como um LP furado, mas por achar que é natal em pleno Setembro e que pode empurrar tudo pra dentro. A mentirosa diz: “Você merece querida... afinal, vocês está aqui, longe de tudo e...”. Shut up!
Sei que vou me acostumar, e a comida não será mais comida. Mente mente e comida não será comida ;b (não! Nem ingerida! Não voltarei para o Brasil rolando, i promise!).
Vamos esquecer essa história de comida... Elizabeth Gilbert, escritora novayorquina, lança uma proposta, se não mais interessante, pelo menos mais magra e econômica. No livro “Comer, rezar e amar”* (sugestivo, não?) ela fala de um amigo Italiano que dizia que o segredo para entender uma cidade e seus habitantes é aprender qual a “palavra da rua”, dizia que toda cidade tem uma palavra que a define, que identifica a maioria das pessoas que moram ali. Pensando nessa proposta do “Giulio”, apesar da mente, a palavra de NY definitivamente não é “Comida”. Qual a palavra de Nova York? Para Elizabeth é “CONQUISTAR”. Tem sentido... Gente do Mundo inteiro vem pra cá e afirma que NY é o lugar das oportunidades. Para mim, esse verbo aqui se expressa na frase que ouvi hoje de uma judia na sala de aula: “come on teacher! Time is Money!”. Para mim a palavra que define NY e seus habitantes é “TRABALHO”. Todos estão ocupados e correndo muito! Mais do que se corre em São Paulo ou em outras capitais por onde andei.
Chego ao ponto de ônibus às 8am, pego o 156R (o “R” é de “River” – passa pelas margens do Hudson), procuro acento bem longe de um indiano se possível (não me interpretem mal, mas ou comida indiana pela manhã cheira mal, ou o cara que sentou ao meu lado outro dia comeu Cury vencido ;b), enfim, procuro sentar ao lado de um rapaz bonito, cheiroso e dorminhoco, e se não fico lendo ao lado do moço, aproveito para dormir together rs, enquanto 99% dos passageiros está com um blackbery na mão respondendo e-mails. O ônibus chega ao terminal, todos levamtam-se apressadamente e a maratona começa: arrancam do ônibus desesperadamente, parecem todos atrasadíssimos, “sai da frente! Sai logo (3x)” parece o LP furado de todas as mentes, apesar de só verbalizarem um speed “excuse me”, as escadas são estreitas e todos se espremem como um grande rebanho em pequenas porteiras. Descem a escada rolante correndo... e eu me pergunto “por quê não acordam mais cedo”? E todos os dias é a mesma coisa... Os sinais para pedestres em Manhatan pouco são levados a sério, é uma travessia frenética na disputa com carros e ambulâncias. Penso: “será problema cardíaco?”, as sirenes de ambulâncias são constantes, com o buzinaço e o burburim dos propagandistas e urbanóides parece uma grande sinfonia de John Cage (às vezes tão inusitada quanto) ou o corredor de um hospício cujos medicamentos acabaram ou não fazem mais o mínimo efeito. De alguma forma, todos estão muitíssimo ocupados... e você de férias :)

“Ei! Quem disse que você está de férias?”- a mente tagarela de novo. Não! Não estou de férias! Mas é estranho não estar preocupada com o trabalho. Voltei a ser estudante! E quando criança eu reclamava tanto dessa vida... Hoje relaxo e digo “i’m student” rsrs
Ok.. estudantes não estão de férias, mas vai por mim, é bem melhor do que trabalhar rs. O problema é que o dinheiro acaba e estudantes adultos pagam a própria escola. Então... a Anita Cohen me desperta pela manhã: “HelOoo! Time is money!”. E acordo de acordo: NY is WORK!


* "Comer, rezar e amar" foi o livro que a Aline me deu de presente de despedida. Na contra-capa, a seguinte dedicatória: “Para Claudinha, o meu livro mais vivido, grisalho, surrado e experiente” – não é exagero! Parece que o coitado passou por uma máquina de lavar e secou no olho de um furacão. E ela continua: “Ele (o livro) ir para ti agora faz o seguinte sentido: algo já viajado, porém com muito potencial cone lato, nas mãos de quem, mais uma vez, resolveu viajar”. Não me pergunte o que é “cone lato”, i don’t know! Mas sem dúvida, o livro é uma belezura! Ele tem cara de “literatura de aeroporto”... que seja, mas amei ele ter vindo parar nas minhas mãos! E como traduzo “cone lato”? simplesmente como: “solte o verbo!”. Obrigada, Aline!

Pausa para o comercial!


// TEC: toca a musiquinha dos beatles: "hello goodbye" //



Acabo de receber um e-mail divulgando um site super interessante!!



Trata-se de uma biblioteca virtual, desenvolvida em softwere livre, com todas as obras de Machado de Assis, Shakspeare em português, palestras de Paulo Freire em vídeo, o melhor da literatura infantil, música erudita brasileira (mp3 em alta qualidade), a divina comédia em português e um monte de outras raridades interessantes. Só de literatura portuguesa, são 732 obras! Tudo free!

Segundo o e-mail, o site está prestes a ser desativado por falta de uso. O número de acessos é muito baixo, então, a quem interessar, GO on!


terça-feira, 22 de setembro de 2009

Só sei que foi assim...

ilustra: Normam Rockwell

PARTE IV

Agora sim, a escola (Spanish-American Institute).
Não me pergunte o quanto, mas é mais barato estudar aqui do que no Brasil.
Tenho aula de segunda a sexta-feira, quatro horas por dia ( 9:15am a 1:15pm). A minha turma tem 20 alunos vindos de várias partes do Mundo: Japão, Uzbequistão, Turquia, China, Coréia do Sul, Rússia, Itália, Tailândia, Angola, Burquina Faso, Israel, Colômbia, Porto Rico, Equador.. e por aí vai! O inglês tosco de todos nós em sotaques inimagináveis (e ainda disseram pra eu ter cuidado com o sotaque novayorquino!). A professora do primeiro horário é do Mali (quem nasce no Mali é o que? ). Ana Margareta é o nome dela, não sei se o artístico – como ela diz, “somos a máfia das Anas!” – somos 5 Anas ao todo! Ana russa, Ana judia, Ana Brasileira, Ana de tudo que é jeito, cor e cabelo. Ana Margareta é metida a atriz, representa os diálogos do livro e cobra 10U$ por cada chiclete confiscado, ela odeia ver alguém mastigando na sala, mas não para de comer uns quitutes que traz num saco de papel. Fazer o quê? Ela é a teacher.
Estou só na minha segunda semana de aula, mas além das Anas, já consegui memorizar outros nomes: Chica (isso mesmo! O feminino de Chico), é a japonesa que é cantora de hip-hop e veio de Tókio para conhecer de perto a cultura hip-hop americana. Lee é a chinesa que odeia sentar ao lado da japonesa (intrigas históricas) mas é fã da coreana, que se chama Won Sung (pronincia-se como “one Song”), com quem me dou bem e procuro sentar perto – ela e Adama (o rapaz de Burquina Faso) me ajudam bastante a destravar a língua. Mônica é a italiana, chiquérrima - não penteia o cabelo, não passa a roupa - mas permanece chique (inesplicávelmente). Tem também o russo, que não lembro o nome, mas que vale citar: parece que este ficou preso em algum abrigo anti-bomba nos últimos 30 anos e nunca ouviu absolutamente nada em inglês. Como será que chamam “shoping center” na Rússia?? Ele não sabe absolutamente nada da língua inglesa. Hoje disse um milagroso “bye”. Mas também não posso falar nada, até por que no Brasil não existe abrigo anti-bomba... não que eu saiba.

E agora estou com sono e amanhã (não sei quando) continuo......zzzzzzzzz

Só sei que foi assim...

ilustra: Normam Rockwell

PARTE III

Antes de falar da escola, preciso dizer que tive a cara-de-pau de enviar 3 e-mails para pessoas conhecidas que moram em países distintos (Inglaterra, Canadá e EUA) candidatando-me a passar “6 meses em sua companhia”. Que tal? Kkkkkkkkkkk Sério, disse que precisava do inglês e preciso muito! Passar pela experiência de se perder no aeroporto da África do Sul sem saber falar um “i” (como já me aconteceu) it’s terible!
A dos EUA respondeu, não ao e-mail. Ela me ligou! E pra minha surpresa disse que tinha um “quartinho” pra mim reservado em sua casa e que conhecia uma escola interessante no centro de NY, esquina com a Timesquare (wow)! Nem acreditei! “uhuuu deu certo!!” (Eliene e tia Eliete, meus dois anjos bem feitores) – e precisava do visto, das passagens e... tudo – mas tudo saiu tão rápido, que em 30 dias (contando da manhã que tive a tal “idéia”) cheguei a NY com visto de estudante (5 anos) e ainda gentilmente acompanhada de uma amiga (tradutora de plantão) que decidiu passar as férias nos EUA. Como diria minha mãe: “tá bom pra ti?”. Só Jesus mesmo :)

Só sei que foi assim...

ilustra: Normam Rockwell

PARTE II

Quando falei para meus chefes (o presidente e o diretor executivo) que estava de saída, o PH (direx exec) disse:
-Você recebeu outra proposta?
- Não. Eu apenas sei que preciso parar...
- Tem certeza?
- Sim, tenho.
Ele não acreditou muito no início, mas disse que a decisão era minha. Pediu apenas que falasse com o presidente (PS) pra saber o que ele tinha a dizer. Foi o que fiz dois dias depois:
- PS, estou aqui pra lhe dizer que estou entregando meu cargo... Não há nenhum problema com a empresa. Trata-se de uma decisão pessoal. Eu preciso parar por um tempo.
- Tem certeza? Não é algo que pode ser resolvido com umas férias?
- Não. A não ser que a empresa me dê férias por tempo indeterminado, mas sei que isso é pedir demais (sorri, mas quem sabe não colava?? rsrs).
- Não é a “crise dos 30”? – perguntou ele também sorrindo, com medo de ofender.
- Sim, tenho certeza que é! Mas se não fosse por ela talvez eu não conseguisse ter essa coragem... (sorri também).
E a conversa prosseguiu de forma descontraída e muito agradável até um ponto em que estávamos os dois em paz, sabendo que por mais incompreensível que fosse, era essa uma decisão real e irracionalmente acertada.
O problema é que depois a ficha caiu “e agora??? O que faço da vida?”. Fui dormir a espera que um novo “sinal” surgisse (uma idéia qualquer que ganhasse força o suficiente pra me tirar da cama). E, pra minha surpresa, não é que dormi? Profundamente como há muito tempo não fazia! Quando de manhã me veio: “tenho o dinheiro do acordo e aquelas economias no banco... vou fazer o que só posso fazer agora – ainda acho que no futuro ainda venha a me casar e ter uma penca de filhos, embora essa idéia não me apeteça no momento. – Bom... Se quiser chegar ao Oriente Médio (meu sonho desde a infância), preciso deixar de ser essa criatura burra monolíngüe”. Foi aí que nasceu a idéia de ir pra algum país de fala inglesa para, finalmente aprender (na marra) essa língua que detesto!

Só sei que foi assim...

ilustra: Normam Rockwell


PARTE I

Trabalhei por 10 anos na mesma empresa de telecomunicação. Comecei como estagiária de produção e “rapidamente” ascendi para o cargo de diretora da emissora. Aos 30, já no tempo, tinha uma carreira estável, digamos... No entanto, estável demais (julgo) para minha idade – claro, não sou jovem, mas não quero uma vida tão estável assim, não antes que me aposente e espere a “maledita” (morte) chegar. Mas antes que isso acontecesse, pedi demissão. Quando fiz isso não tinha outra perspectiva a não ser dar um nocaute na rotina e na deprê. Há meses, 12 ou mais, sentia essa angustiante necessidade, mais precisamente desde que fiz minha última viagem de trabalho à África (passei 45 dias em Moçambique, visitei as 10 províncias e 27 cidades, sobre 4 rodas) ficou insuportável.
É contraditório, eu sei.
Depois de 10 anos de trabalho intenso (os que me conhecem sabem), tomar essa decisão não foi fácil, precisou que eu chegasse ao limite das minhas forças e ânimo para que perguntasse “Deus, o que preciso fazer pra aliviar essa angústia de repetir day by bay sem mais surpresas?”, aquela Voz interior dizendo “pare!” era inconfundível, sempre que perguntava. O inevitável era retrucar “mas e depois?”... - Nunca pergunte a Ele sobre o depois, com ele é sempre stap by stap, “siga as placas de sinalização e.. . siga”- . Resultado: parei também de perguntar, apenas parei!
Aline (uma amiga da época da universidade) diria que tenho uma ótima “intuição”.
- Graças a Deus, não tenho marido nem filhos para me preocupar (como boa cristã me sinto um tanto culpada de afirmar isso com satisfação), além do que meus pais me amam independente de qualquer coisa (essa é a parte reconfortante).
Meu salário nos últimos anos ia aumentando e eu continuava com o mesmo padrão de vida da estagiária (é certo que com alguns dias de estravagância, como ir com amigos a um bom restaurante mais caro ou comprar pilhas de livros em uma viagem anual...), mas o certo é que, na falta de uma bom motivo (algo bastante convincente meeesmo) que me fizesse desembolsar regularmente mais do que 50% do meu salário, eu depositava tudo para... juro que não sabia pra quê! Para alguma eventualidade talvez.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Líderes governistas a caminho...

(Não! Não é para a reunião da ONU em NY)
...O destino é o Estado da Califórnia!

A Imprensa Oficial do Estado do Pará em DIÁRIO OFICIAL Nº. 31500 de 09/09/2009, publica “decretos da governadora que autorizam o Sr. Anibal Picanço, Secretário de Estado de Meio Ambiente, a viajar para Califórnia-Estados Unidos, no período de 5 a 10 de setembro de 2009, a fim de promover o uso do modelo certificado de origem amazônica nas obras públicas e privadas do Estado da Califórnia juntamente com o Grupo Soluções da Amazônia, devendo responder pelo expediente do Órgão, na ausência do titular, ROSEMIRO SALGADO CANTO FILHO, Secretário-Adjunto.”
Até aí tudo bem... Até por que os Californianos sentem na pele as intensas mudanças climáticas e as agressões ao meio ambiente, desde que começou a ter suas florestas criminosamente incendiadas. Portanto, é natural que haja uma preocupação extra-ordinária com certificação da madeira utilizada pelo Estado da Califórnia, que em 2006 aderiu ao Protocolo de Kioto e Arnold Schwarzenegger impôs restrições às indústrias para diminuir emissão de gases poluentes, OKeeeey. Massss, depois dos 5 dias que o secretário Anibal Picanso vai passar com o Arnold, quem poderia prever mais uma semana (7 dias, da oooutra semana – de 27/09 a 03/10) que contemplam meio governo?
Além da Governadora Ana Júlia Carepa (PT), que não publica, portanto não esclarece o motivo da sua missão - mais oito delegados, cuja missão é descrita como “Acompanhar a Excelentíssima Senhora Governadora do Estado em missão governamental” se deslocarão de Belém do Pará para o Estado da Califórnia.
Será que não é muito cacique pra pouco índio não? Ou não seria pouco apito pra 8 caciques??

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Eleven September

Na manhã de sol de 8 anos atrás assisto (ao vivo) o inimaginável choque dos aviões com as torres gêmeas. Hoje, numa manhã de chuva, acordo com a cerimônia (in live) em memória aos milhares. Ao som alternado de flautas e violinos, números que um a um ganham nomes, e papeis na saudade de cada um dos que lêem: pai, mãe, irmãos, marido, noiva... Ontem Manhatan era festa, hoje Manhatan, desde 2001, se torna luto.


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Se o terror, real e simbólico, não passa de uma arma política, a morte é o seu único salário. Que este jamais prospere.




sexta-feira, 4 de setembro de 2009



Cliffside Park (NJ) é igual a cidade cenográfica do filme The Truman Show. Como ainda não deu pra conhecer muita coisa – estou aqui há 2 dias – as primeiras impressões:

NY é uma festa! – de Natal, daquelas beeem consumistas. Promoção! Compram tudo e depois? Jogam tudo no lixo! A festa do desperdício. Unbelievable!

A América é uma cozinha! – Não é atoa que o Food Chanel é um dos mais assistidos - Se por um lado a cozinha é o lugar mais acolhedor da casa (da maioria, pelo menos) – e mais gostoso – devo engordar horrores. até porque a história do big size é verdadeiríssima. Então a regra é fechar a boca! Resistir aos apelos da carne, dos festfood... que são muitos. Hoje fui a um restaurante italiano... huuummm.. juro! Foi a melhor sopa, a melhor pasta que comi na vida! E pior.. além do big size, o preço único garantia repetições infinitas, que se eu tivesse, além de uma solitária, um buraco negro na barriga juro que aproveitaria melhor ;b

Os telejornais são puro entretenimento – desinformação, alienação é pouco! O mais doido foi um jornal da Fox Chanel que exibiu uma matéria sobre os brasileiros novaiorquinos se preparando para o 7 de setembro (que vai coincidir com o Labor Day). Tinha de tudo na times! Mulatas sambando, repórter com a camisa 9 e uma roda de capoeira – até aí nada de tão estranho – a bizarrice foi a intervenção do âncora afirmando com toda a segurança: “a capoeira é uma dança que mistura break com lambada”. Se isso é capoeira, o que será então o samba???




domingo, 2 de agosto de 2009


A visão de quando entro na rua Bolevar Castilho França. É uma das melhores cenas e sensações que tenho da minha cidade. O mercado de ferro, a feira livre, a tradição, a erudição de uma arquitetura colonial "detonada" e o povo de verdade em plena atividade e indivisíveis. Ali tudo que existe de melhor e de pior se encontram. Logo mais adiante o rio que parece invadir o asfalto e a cidade com suas embarcações, como se a cidade inteira delas fosse.

Numa tarde de domingo, ao descer a escada meu pai me chamou pra "tirar uma fotografia" pra ele. Estranhei, por que isso raramente acontece. Tirei a camera da bolsa, armei-a meio a contragosto, mas atendi ao chamado. A escada fica em uma área semi-descoberta, e quando olhei pra cima ele parecia alegre entusiasmado: - olha isso filha! - subi até onde ele estava e vi esse pôr-do-sol magnífico. Mas o que mais me impressionou é que o caminho do sol se repete todos os dias sobre nós e sobre as casas ao redor e nunca eu o havia percebido. A gente sai com o destino em mente e esquece de enxergar aquilo que nos cerca: pessoas, casas, asfalto ou a falta dele onde piso. Não olhar para os lados ou para o alto. de onde nos vem o socorro. sempre. nos deixa na escuridão.