terça-feira, 22 de setembro de 2009

Só sei que foi assim...

ilustra: Normam Rockwell


PARTE I

Trabalhei por 10 anos na mesma empresa de telecomunicação. Comecei como estagiária de produção e “rapidamente” ascendi para o cargo de diretora da emissora. Aos 30, já no tempo, tinha uma carreira estável, digamos... No entanto, estável demais (julgo) para minha idade – claro, não sou jovem, mas não quero uma vida tão estável assim, não antes que me aposente e espere a “maledita” (morte) chegar. Mas antes que isso acontecesse, pedi demissão. Quando fiz isso não tinha outra perspectiva a não ser dar um nocaute na rotina e na deprê. Há meses, 12 ou mais, sentia essa angustiante necessidade, mais precisamente desde que fiz minha última viagem de trabalho à África (passei 45 dias em Moçambique, visitei as 10 províncias e 27 cidades, sobre 4 rodas) ficou insuportável.
É contraditório, eu sei.
Depois de 10 anos de trabalho intenso (os que me conhecem sabem), tomar essa decisão não foi fácil, precisou que eu chegasse ao limite das minhas forças e ânimo para que perguntasse “Deus, o que preciso fazer pra aliviar essa angústia de repetir day by bay sem mais surpresas?”, aquela Voz interior dizendo “pare!” era inconfundível, sempre que perguntava. O inevitável era retrucar “mas e depois?”... - Nunca pergunte a Ele sobre o depois, com ele é sempre stap by stap, “siga as placas de sinalização e.. . siga”- . Resultado: parei também de perguntar, apenas parei!
Aline (uma amiga da época da universidade) diria que tenho uma ótima “intuição”.
- Graças a Deus, não tenho marido nem filhos para me preocupar (como boa cristã me sinto um tanto culpada de afirmar isso com satisfação), além do que meus pais me amam independente de qualquer coisa (essa é a parte reconfortante).
Meu salário nos últimos anos ia aumentando e eu continuava com o mesmo padrão de vida da estagiária (é certo que com alguns dias de estravagância, como ir com amigos a um bom restaurante mais caro ou comprar pilhas de livros em uma viagem anual...), mas o certo é que, na falta de uma bom motivo (algo bastante convincente meeesmo) que me fizesse desembolsar regularmente mais do que 50% do meu salário, eu depositava tudo para... juro que não sabia pra quê! Para alguma eventualidade talvez.

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